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Campus Santa Inês realiza Culminância do Novembro Negro com seminários temáticos e forte participação estudantil
Atualizado em 24 de novembro de 2025 às 13:47 horas | Publicado em 24 de novembro de 2025 às 13:43 horas

O IF Baiano – Campus Santa Inês promoveu, na última quarta-feira (19), a Culminância do Novembro Negro, atividade integrante da Jornada Pedagógica e realizada no pavilhão de aulas do Curso Técnico em Agropecuária. Das 7h30 às 11h30, todas as turmas dos Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio — Agropecuária, Alimentos, Informática e Zootecnia — participaram de uma programação que uniu pesquisa, crítica social e protagonismo juvenil.

A ação foi idealizada pelo componente curricular de Sociologia, em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI), reunindo cerca de 500 pessoas entre estudantes, servidores e colaboradores. O evento teve como tema geral “Do Império às Ações Afirmativas: como a esfera jurídica molda e reflete as lutas do povo negro” e contou com apresentações baseadas em recortes específicos da legislação brasileira, analisados pelas turmas de 3º ano.

Protagonismo estudantil e aprofundamento crítico

As apresentações abordaram temas como a restrição de direitos no Império, a perseguição a manifestações culturais negras na Primeira República, o racismo institucional nas políticas de segurança pública, a criminalização da maconha, a equiparação entre injúria racial e racismo e as políticas de ação afirmativa no Brasil.

Para o professor Hildon Carade, coordenador do Curso Técnico em Agropecuária e idealizador da atividade, o evento vai muito além de uma celebração. “O que tratamos aqui não é efeméride — é compromisso político, histórico e institucional. E mais do que compromisso moral, é também compromisso legal. Nossas instituições públicas têm o dever, inscrito em lei, de trabalhar conteúdos referentes à africanidade e à história e cultura afro-brasileira. Portanto, não estamos fazendo um favor à pauta racial; estamos cumprindo aquilo que é obrigação do Estado e da educação pública.”

Hildon relatou ainda que havia solicitado apenas seminários expositivos sobre Direito e Racismo, mas os estudantes surpreenderam com performances envolventes: “Eles foram além e entregaram apresentações potentes e tocantes. Isso nos mostra que incentivar o protagonismo estudantil é chave para o enfrentamento da discriminação e do preconceito racial.”

Vozes que movem o debate

Entre os estudantes, o impacto do evento foi sentido com força. Yasmin Muniz, do 3º Ano D (Zootecnia), destacou o papel transformador que iniciativas como essa possuem dentro da instituição: “Esse evento cria um espaço de reflexão, aprendizado e valorização da identidade negra. O IF Baiano não está apenas lembrando uma data; está assumindo um compromisso com a igualdade racial. É um momento de trazer à tona histórias e vozes muitas vezes apagadas. Isso fortalece toda a comunidade escolar, porque diversidade é educação.”

Felipe Souza Silva, do 3º Ano A (Agropecuária), enfatizou a importância histórica dos documentos jurídicos estudados por sua turma: “A Constituição de 1824 e o Código Penal de 1830 mostram como a lei foi usada para controlar a população negra no Brasil imperial. É essencial conhecer esse passado para entender que a luta por liberdade e direitos também foi — e ainda é — uma luta contra estruturas jurídicas que sustentavam privilégios.”

A professora Deise Viana Ferreira, do IF Bahia (Salvador) e ex-servidora do Campus Santa Inês, visitou o evento e se emocionou com o envolvimento dos estudantes: “As salas temáticas se transformaram em espaços de diálogo profundo. O debate sobre justiça, racismo institucional e políticas afirmativas foi tratado com seriedade e, ao mesmo tempo, com beleza e criatividade. Os estudantes demonstraram maturidade acadêmica sem cair em estereótipos. Foi inspirador.”

Encerramento simbólico

Ao final das apresentações, às 11h30, a comunidade se reuniu no refeitório do campus para o tradicional caruru de encerramento. O momento marcou não apenas a conclusão da Jornada Pedagógica, mas também a celebração da cultura afro-brasileira em sua dimensão histórica, espiritual e comunitária.

Educar é também enfrentar desigualdades

A Culminância do Novembro Negro consolidou-se como um espaço de debates necessários, reforçando o papel da educação pública na construção de uma sociedade crítica, democrática e antirracista. Cada apresentação — do Império às políticas afirmativas contemporâneas — traduziu a compreensão de que o enfrentamento ao racismo passa, necessariamente, pela leitura histórica do país e pelo compromisso contínuo de transformar estruturas.

No IF Baiano – Campus Santa Inês, esse compromisso se materializa quando estudantes assumem o centro da cena, pesquisam, argumentam, questionam e propõem. E, nesse movimento, ensinam que o futuro que desejamos começa com a coragem de olhar o passado sem desviar os olhos.


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