A conexão com a natureza traz uma série de benefícios para a saúde e esse tipo de turismo pode ser uma ponte para essa conexão.
Quanto tempo de sua semana você está em contato direto com a natureza? Exposto ao sol; com os pés na terra, na areia ou na grama; sentindo o frescor proporcionado pelas árvores; percebendo a existência de outros seres vivos que não sejam os humanos…
A Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que 70% da população mundial viverá em centros urbanos até 2050. No Brasil, 85% da população habita essas áreas. À medida que a população das cidades cresce e a do campo diminui, aumenta a quantidade de pessoas desconectadas com a natureza. São adultos e crianças que, em sua rotina diária, passam a maior parte do tempo em ambientes fechados: apartamentos, escritórios, escolas, carros.
O excesso de telas e de tempo em ambientes fechados impede as pessoas de se conectarem com a natureza e de perceberem as sutis mudanças de uma estação para outra, as fases da lua, a tábua de maré, a migração de animais. Observações que fazem bem ao ser humano e que, ao longo da história, o ajudaram a responder questões muito importantes para a ciência. Diante da dificuldade de estabelecer essa conexão com a natureza nos grandes centros urbanos, muitas pessoas buscam no turismo a ponte para essa conexão.
Natureza e bem-estar
Estudos, como o realizado pela Universidade de Harvard e pelo Brigham and Women’s Hospital, que concluiu que a taxa de mortalidade de pessoas que viviam em áreas mais verdes era 12% menor do que aquelas que habitavam em centros urbanos menos arborizados, demonstram que a natureza tem um impacto muito positivo para a saúde. E, em tempos de recorde de casos de ansiedade e depressão, o contato com a natureza ganha ainda mais importância. Segundo dados de 2022 da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo e o 5º mais depressivo.
São muitos os benefícios do contato com a natureza para a saúde: melhora a saúde mental, diminuindo pensamentos negativos; aumenta a imunidade, a oxigenação corporal, a criatividade, a memória, o foco e a concentração; diminui o estresse; aumenta a sensação de plenitude e bem-estar; estimula a frequência em atividades físicas; entre outros.
Turismo de natureza
Numa das regiões mais exuberantes da Bahia, onde está localizado o maior remanescente de Mata Atlântica da Costa do Nordeste, o IF Baiano – Campus Uruçuca oferta o curso Técnico de Guia de Turismo e o Superior em Gestão do Turismo e forma profissionais aptos a potencializar o turismo na região e aproveitar suas riquezas naturais de forma sustentável.
A região possui uma biodiversidade muito rica, com espécies raras, algumas ameaçadas de extinção, espécies endêmicas. Possui, ainda, praias belíssimas e importantes áreas protegidas, como o Parque da Serra do Conduru. É um lugar com grande potencial para o turismo, onde a formação nessa área se torna estratégica para o desenvolvimento local, a preservação ambiental e o estímulo à conexão com a natureza.
De acordo com o professor Diogo Gomes, que participou da implantação dos cursos em Turismo e já coordenou os cursos, o campus é a única instituição do Litoral Sul Baiano a ofertar graduação em Turismo. “Isso é algo que nos enche de orgulho, nosso curso recebeu conceito 4 pelo MEC, numa escala que vai até 5, então, isso para nós é o reconhecimento de um trabalho que a gente já vem desenvolvendo há algum tempo”, afirma. O professor destaca o privilégio que os alunos da instituição têm de ter acesso no interior do campus a uma reserva conservada remanescente de Mata Atlântica de 15 hectares, a Reserva da Matinha.
Protejo Mata Adentro
É nessa reserva que, há 13 anos, ele desenvolve o projeto Mata Adentro, trabalhando com os estudantes na perspectiva do planejamento e gerenciamento da visitação pública desde a estruturação e manutenção das trilhas ecológicas, o planejamento da visitação, acolhimento dos visitantes, simulações de situações em guiamento, tomadas de decisões e análises da percepção de visitantes. “Eu desconheço outra instituição, pelo menos a nível estadual, que possua um laboratório semelhante a esse que a gente tem dentro do campus”.
A Matinha é aproveitada também para estudos por outros cursos como Biologia e Agroecologia e recebe estudantes de escolas públicas e particulares e pessoas da comunidade externa para visitação.
Diogo explica que a visitação em áreas naturais para contemplação, recreação, educação ambiental, observação de aves faz uso indireto dos recursos naturais e é um movimento que vem ganhando cada vez mais força. Em áreas de proteção integral, como o Parque da Serra do Conduru, é proibido por lei extrair diretamente qualquer tipo de recurso natural (caça, pesca, minério), mas a visitação pública é permitida e estimulada. “E ela é a principal alternativa para gerar uma sustentabilidade econômica para uma área natural e para a região, sobretudo, e de forma harmoniosa e responsável”, conta o professor.
Reserva da Matinha é laboratório natural para aulas de guiamento e educação ambiental
A ex-aluna do curso de Gestão de Turismo, Cristiane Santos Soares Aguiar, participou do projeto Mata Adentro e, hoje, faz parte da Associação de Guias de Ilhéus. Ela conta que participar do Projeto Mata adentro fez ela se apaixonar pela área ambiental. “E, por conta disso, estou me preparando para auxiliar a um produtor agroecológico em um trabalho de Turismo Ambiental que visa trabalhar a educação ambiental de forma sutil e eficiente fazendo com que quem usufrua do ambiente saia com um pouco de consciência ambiental e leve para outros lugares o fruto da experiência vivenciada no local”, explica.
Para ela, os maiores benefícios que o turismo ambiental traz para a região são o escoamento da produção agroecológica e de outras produções locais que são ampliadas no período de alta no turismo e o fortalecimento da educação ambiental. “Aqui na região, nós temos produtores agroecológicos, que estão inseridos na atividade turística direta e indiretamente, fornecendo sua produção a hotéis, pousadas e restaurantes, bem como, fazendo trabalhos receptivos e estadia para turistas no turismo de base comunitária, entre outros”, explica a ex-aluna do IF Baiano.
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